Arrufos
Não há no mundo quem amantes visse
Que se quisessem como nos queremos;
Mas hoje uma questiúncula tivemos
Por um caprichosinho, uma tolice.
- Acabemos com isto! ela me disse,
E eu respondi-lhe assim: - Pois acabemos!
- E fiz o que se faz em tais extremos:
Peguei no meu chapéu com fanfarrice,
E, dando um gesto de desdém profundo,
Saí cantarolando. Está bem visto
Que a forma ali contradizia o fundo.
Ela escreveu. Voltei. Nem Jesus Cristo,
Nem minha Mãe, voltando agora ao mundo,
Foram capazes de acabar com isto!
Artur Azevedo
♥♥●•·
Por Decoro
Quando me esperas, palpitando amores,
E os grossos lábios úmidos me estendes,
E do teu corpo cálido desprendes
Desconhecido olor de estranhas flores;
Quando, toda suspiros e fervores,
Nesta prisão de músculos te prendes,
E aos meus beijos de sátiro te rendes,
Furtando as rosas as púrpureas cores;
Os olhos teus, inexpressivamente,
Entrefechados, lânguidos, tranquilos,
Olham, meu doce amor, de tal maneira,
Que, se olhassem assim, publicamente,
Deveria, perdoa-me, cobri-los
Uma discreta folha de parreira.
Artur Azevedo
Que se quisessem como nos queremos;
Mas hoje uma questiúncula tivemos
Por um caprichosinho, uma tolice.
- Acabemos com isto! ela me disse,
E eu respondi-lhe assim: - Pois acabemos!
- E fiz o que se faz em tais extremos:
Peguei no meu chapéu com fanfarrice,
E, dando um gesto de desdém profundo,
Saí cantarolando. Está bem visto
Que a forma ali contradizia o fundo.
Ela escreveu. Voltei. Nem Jesus Cristo,
Nem minha Mãe, voltando agora ao mundo,
Foram capazes de acabar com isto!
Artur Azevedo
♥♥●•·
Por Decoro
Quando me esperas, palpitando amores,
E os grossos lábios úmidos me estendes,
E do teu corpo cálido desprendes
Desconhecido olor de estranhas flores;
Quando, toda suspiros e fervores,
Nesta prisão de músculos te prendes,
E aos meus beijos de sátiro te rendes,
Furtando as rosas as púrpureas cores;
Os olhos teus, inexpressivamente,
Entrefechados, lânguidos, tranquilos,
Olham, meu doce amor, de tal maneira,
Que, se olhassem assim, publicamente,
Deveria, perdoa-me, cobri-los
Uma discreta folha de parreira.
Artur Azevedo
* Wiliam Adolphe Bouguereau - Idyll
4 comentários:
Bom dia querida amiga
Parece que nos perdemos e nos silêncios nos fazemos.
Continuo a sentir a sua amizade com respeito e muita admiração.
Gostei muito destes poemas. São autores consagrados que nos ensinaram formas e conteúdos onde se informa a língua lusitana.
Logo mais estarão fora de uso porque lhes mudaram as leis, as formas e os conteúdos.
Mentes insanas que fogem ao curso de aperfeiçoamento para o facilitismo sem ordem nem arte de escrever.
Salvam-se alguns sons que são comuns a outros animais....
Estou reenviando esta mensagem porque a anterior saiu com erro:
Hoje tem um texto muito interessante sobre o Efeito Borboleta no blogue www.jairclopes.blogspot.com você vai gostar.
Nueva entrada en el blog: se trata de una serie de notas sobre la muerte en la literatura. Aquí va la primera, podés hacer click aquí: http://elperroelocuente.blogspot.com/
Saludos.
Jorge
BOM DIA! Muito bem diversificado e atraente seu blog, parabens! Continue assim. VITOR ESTRELLA
Postar um comentário