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Theresa Russo
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ERAS
Antes
Porém essa noite eu lhe trouxe até a mim. Eu senti você, suas mãos e o seu cheiro. Senti o carinho e o cuidado que nunca tive de você até a mim. Essa noite eu criei você só para mim. Essa noite eu soube do seu desamor...
Durante
Não, não quero sobras. Eu me dei por inteira. Nas frações. Não quero beijos intercalados nem olhares entrecortados de sombras. Eu sempre olhei profundo. Não guardo imagens. Nenhuma delas importa para mim. Já havia me falado que eu já lhe tivera há épocas imensuráveis. No passado do passado eu havia novamente lhe perdido como agora. De fato, nunca lhe tive realmente. Não quero sobras. Eu me dei por inteira. Nas frações. Do que você viveu eu não posso alterar. Rotas às vezes não devem ser alteradas. Devem continuar rígidas, estáticas. Como marcos e impressões da vida que não podem ser apagadas. Elas deveras pertencem ao nosso eu. Quando migram das portas das entranhas e atingem o reflexo de meu eu no seu espelho, elas se portam como agulhas e lanças e dardos. Programaram a minha morte. Mas eu tenho mil vidas a viver...
Agora
Não quero sobras. Eu me dou por inteira. Quero o todo. Toda a fartura dessa mesa. Quero as madeixas, as melenas, as cenas e os desertos. Quero instalar os oásis e os pedágios dessa selva. Quero as falas, as alças e os tambores. Quero a vingança, a propriedade e a espera. Quero o começo da fila e o interromper da suas estrias. Quero o guia, os mapas e as rotas. Quero estabelecer as frotas, o carmim e o solo das sementes das rosas vermelhas que cuidei para não secar o tom. Quero hoje, quero agora, quero também no amanhã...
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Santificada - 2007
Theresa Russo
( Imagem de Nossa Senhora em grafite sobre papel)
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TAMBÉM EU
Eu
que me busco
Eu
que me encontro
Eu
que me escondo
que me mostro
Eu
que aposto
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Eu
que me ofendo
que me rendo
que me oferto
que me encanto
e desencanto
mar de ostras
crípta
leve pluma
peso de papel
sigo meu inferno
acho meu céu
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Eu
danoso blues
chapa de bronze
tela de amianto
chuva molhada
mente retorcida
nota errada
cor encarnada
e pontos azuis
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Eu
cuspe de néfron
jogo de carta marcada
saco de lixo
pele encadernada
nunca do acaso
mero capricho
eu divina
breve neblina
da madrugada
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Eu
vaso sem tinta
folha destacada
morcego da noite
ave adestrada
gaiola de zinco
semente guardada
Eu que queria quase tudo
Eu
que não tenho quase nada
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E de tanta dor
roí o pão da vida
E de tanto amor
corri como louca
ferida
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E de tão bela a flor
Retorno a vida
elástico longo
coração zeloso
eu que sou muito
eu que sou pouco
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O presente que não guardo para você...
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Theresa Christine F. R. Aragão Russo é aquariana, de 17/02/1959, reside em Fortaleza, no Estado do Ceará.É Professora Universitária, Doutora em Bioquímica e Biologia Molecular.Gosta de escrever, ouvir boa música e cinema. Suas grandes paixões são os livros e os carros.Cientista que sente a poesia como arte do viver e que a evolução é inclinada para o despertar das palavras poéticas. Gosto de música e literatura e sou apaixonada por Augusto do Anjos.
Acredito.Theresa Russo
http://www.ligia.tomarchio.nom.br/ligia_amigos_TheresaRusso.htm
http://www.gargantadaserpente.com/toca/poetas/theresarusso.php?poema=3
http://www.gargantadaserpente.com/toca/poetas/theresarusso.php?poema=2
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Um comentário:
Sylvia, estou sem palavras e extremamente honrada por tua delicadeza..Poeta Maior, Sylvia cativa seus amigos com mimos..
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