quinta-feira, 31 de julho de 2008











Soneto do perdão
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Perdoa-me por ter-te amado tanto
e a ponto de perder-me de paixão...
Perdoa-me ter padecido o quanto
mereceu padecer meu coração...
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Perdoa-me ao menos por enquanto
até que em mim pereça essa ilusão
de morrer docemente pelo encanto
de viver sepultado em teu perdão...
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Perdoa se te amei tão loucamente
com tanto amor e tão perdidamente
contente em desfazer o que não fiz...
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Perdoa-me também e eternamente
pelo sonho que a vida te consente
e deixa-me pensar que fui feliz...
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A. Estebanez

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Numeroso Amor
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Ah, numeroso amor de que padeço
que me conta mistérios sobre mim...
Ô, enigma! princípio sem começo
destino que termina e não tem fim...
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Amor que apraz e dói! amor avesso
que assim se exaure e se refaz assim
morrendo de viver por quem mereço
na volúpia de crer que é amor afim...
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Flor de lótus de deuses consagrados
nos desígnios dos bem-aventurados
de alma pronta na vida já completa.
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É deusa quem me dá o dom divino
de confirmar nas cartas do destino
o carisma do amor que me liberta...
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A. Estebanez

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Soneto do Amor Inconsútil
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Às vezes a minh’alma é a mesma tua
sem que um mesmo precise ser igual.
Como os lados contrários de uma rua.
Ou margens inconsúteis de um lençol.
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Quantas vezes derramo de alma nua
em tua alma encoberta de água e sal
sementes de uma aurora à luz da luas
em que o saiba a tua aurora boreal...
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As rosas em silêncio em meu jardim...
Nenhuma flor o sabe de outra assim
como as aves do cântico dos ninhos...
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E meu amor – malgrado esse ciúme
é como um frasco aberto de perfume
de rosa que nem sabe dos espinhos...
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A. Estebanez
(Dedicado a Sylvia Narriman Barroso)
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Afonso Estebanez Stael, nasceu em 30 de outubro de 1943 no ambiente agreste do município de Cantagalo, Estado do Rio de Janeiro. Ensino secundário no Seminário Arquidiocesano do Rio de Janeiro (56/62) e superior nas Faculdades de Direito e de Filosofia, Ciências e Letras da UFF em Niterói (65/70). Finalista nos 1º, 2º e 3º Torneios Nacionais da Poesia Falada patrocinado pela Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Rio de Janeiro (68/69/70). Vencedor do Primeiro Concurso Estadual de Poesia do Advogado Fluminense (87). Exerceu a advocacia desde 68 e ocupou o cargo de Oficial de Justiça Avaliador do TRT da 1ª Região (93), aposentando-se quando lotado na Vara do Trabalho de Cordeiro (99), por cuja instalação lutou como Secretário Geral de Administração daquele município (92), onde se destacou como um dos fundadores da 45ª Subseção da OAB/RJ. Tem obras publicadas em livros, jornais e revistas. Recentemente, concorrendo com o poema “O Último Dia de Trabalho do Pôr-do-sol no Mar” e com a crônica “Trabalho como Escrevente de Pequenos Príncipes”, o biografado venceu, em julho de 2007, o Primeiro Concurso Interno de Literatura do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT- Rio), nas duas categorias (prosa e verso), com premiação em obras literárias famosas oferecidas pela Academia Brasileira de Letras (ABL).

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