sábado, 6 de setembro de 2008

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Poemas da Madrugada
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Fernando Campanella
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Como reter a lava
Das minhas mil e uma noites
Em sombras e estrelas
Confundidas
Amalgamadas?
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(Manacá da serra )
by Fernando Campanella
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DECIFRA-ME
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A lua é um criptograma.
Decifra-me, diz ela
à minha metade analítica
e trôpega.
À minha outra porção,
mais precavida
ante o mistério das coisas,
ela sussurrra-me apenas:
bebe de meu vinho e sonha.
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XIX
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Entra comigo na tarde,
sente a luz e os deuses
que me assediam
e os cogumelos
que ao olvido me tentam.
Eis inteiro o abismo
Que esta paisagem
Me concede.
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(Bendita esta tarde,
Meu amor,
Em que a quase-noite me puxa
e tua mão intercede.)
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(Da série "O Eu confesso" )
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XXVI
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Real e sonho
Às vezes se tocam
Se confundem.
Quem então é quem?
Preciso saber
Quando veneno
Quando proteção
(o que asa
O que ferrão)
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( Da série " O Eu Confesso")
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XXXII
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Madrugada,
três vezes canta ainda o galo
em sua órbita assinalado.
Espio o colar de estrelas
contornando o frio torso da noite.
Três vezes, em silêncio,
Ainda àquela porta eu bato.
Não me atende o coração
do recolhimento indevassável.
Quantas almas e a ‘loucura’ de um Deus
não terão assim por um instante
se entreolhado!
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(Da série "O Eu Confesso")
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SUAVE É A NOITE
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(...suave é a noite...
Logo a Rainha-Lua sobe ao trono e luz
Com a legião de suas Fadas estelares,...
Keats)
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As estrelas espiam de longe,
o caracol arrasta seus passos.
Meu amor dorme.
Suave é a noite com seu silêncio
de longos braços.
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