quinta-feira, 7 de agosto de 2008

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Mawlānā Jalāl-ad-Dīn Muhammad Rūmī
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Desde que chegaste ao mundo do ser,
uma escada foi posta diante de ti,
para que escapasses.Primeiro, foste mineral;
depois, te tornaste planta,e mais tarde, animal.
Como pode isto ser segredo para ti?
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Finalmente, foste feito homem,
com conhecimento, razão e fé.
Contempla teu corpo - um punhado de pó -
vê quão perfeito se tornou!
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Quando tiveres cumprido tua jornada,
decerto hás de regressar como anjo;
depois disso, terás terminado de vez com a terra,
e tua estação há de ser o céu.
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Não durmas,senta com teus pares
A escuridão oculta a água da vida.
Não te apresses, vasculha o escuro.
Os viajantes noturnos estão plenos de luz;
não te afastes pois da companhia de teus pares.
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Faltam-te pés para viajar?
Viaja dentro de ti mesmo,
e reflete, como a mina de rubis,
os raios de sol para fora de ti.
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A viagem conduzirá a teu ser,
transmutará teu pó em ouro puro.
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Sofreste em excesso
por tua ignorância,
carregaste teus trapos
para um lado e para outro,
agora fica aqui.
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Na verdade, somos uma só alma, tu e eu.
Nos mostramos e nos escondemos tu em mim, eu em ti.
Eis aqui o sentido profundo de minha relação contigo,
Porque não existe, entre tu e eu, nem eu, nem tu.
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Ontem à noite, confidencialmente, eu disse a um velho sábio:
- Não me esconda nada dos segredos do mundo!
Muito docemente, ele me disse ao ouvido:
- Chut! Podemos compreender, mas não exprimir!
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Ele chegou... Chegou aquele que nunca partiu;
Esta água nunca faltou a este riacho
Ele é a substância do almíscar e nós o seu perfume,
Alguma vez se viu o almíscar separado de seu cheiro?
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Se busco meu coração, o encontro em teu quintal,
Se busco minha alma, não a vejo a não ser nos cachos de teu cabelo.
Se bebo água, quando estou sedento
Vejo na água o reflexo do teu rosto.
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Sou medido, ao medir teu amor.
Sou levado, ao levar teu amor.
Não posso comer de dia nem dormir de noite.
Para ser teu amigo
Tornei-me meu próprio inimigo.
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Teu amor me tirou de mim.
De ti, preciso de ti
Noite e dia, eu queimo por ti.
De ti, preciso de ti.
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Não posso dormir quando estou contigo
por causa de teu amor.
Não posso dormir quando estou sem ti
por causa de meu pranto e gemidos.
Passo as duas noites acordado
mas, que diferença entre uma e outra!
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Não temos nada além do amor.
Não temos antes, princípio nem fim.
A alma grita e geme dentro de nós:
- Louco, é assim o amor.
Colhe-me, colhe-me, colhe-me!
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À noite, pedi a um velho sábio
que me contasse todos os segredos do universo.
Ele murmurou lentamente em meu ouvido:
- Isto não se pode dizer, isto se aprende.
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A fé da religião do Amor é diferente.
A embriaguez do vinho do Amor é diferente.
Tudo que aprendes na escola é diferente.
Tudo que aprendes do Amor é diferente.
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- Vem ao jardim na primavera, disseste.
- Aqui estão todas as belezas, o vinho e a luz.
Que posso fazer com tudo isso sem ti?
E, se estás aqui, para que preciso disso?
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Túmulo de Rumi em Konya, Turquia

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Mawlānā Jalāl-ad-Dīn Muhammad Rūmī (مولانا جلال الدین محمد رومی), também conhecido como Mawlānā Jalāl-ad-Dīn Muhammad Balkhī (محمد بلخى), ou ainda apenas Rumi, (30 de setembro de 1207–17 de Dezembro de 1273), foi um poeta, jurista e teólogo muçulmano persa do século XIII. Seu nome significa literalmente "Majestade da Religião"; Jalal significa "majestade" e Din significa "religião". Rumi é, também, um nome descritivo cujo significado é "o romano", pois ele viveu grande parte da sua vida na Anatólia,
que era parte do Império Bizantino dois séculos antes.
Ele nasceu em Balkh (no hoje Afeganistão, então parte da Pérsia), a cidade natal da família de seu pai. Esta cidade estava nesta época sob a esfera de influência
da região de Khorasan e era parte do Império Khwarezmio.
Ele viveu a maior parte de sua vida sob o Sultanato de Rum, onde produziu a maior parte de seus trabalhos e morreu em 1273 CE. Foi enterrado em Konya e seu túmulo tornou-se um lugar de peregrinação. Após sua morte, seus seguidores e seu filho Sultan Walad fundaram a Ordem Sufi Mawlawīyah, também conhecida como ordem dos Dervishes girantes, famosos por sua dança Sufi conhecida como cerimônia sema.
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2 comentários:

Anônimo disse...

Silvia, não conhecia esse poeta RUMI. Tu desenterra até defunto, hem? auhauahahha
Espero a tua visita no meu blog.
Kisses

Daniela

Anônimo disse...

Somos aquilo que pensamos,
Tudo o que somos nasce dos nossos pensamentos.
Com o nosso pensamento construímos o mundo.
Fale ou aja uma mente impura e os problemas o seguirão
como a carroça segue a parelha de bois.
Somos aquilo que pensamos. Tudo o que somos nasce dos nossos pensamentos.
Com o nosso pensamento constrímos o mundo.
Fale ou aja com uma mente pura
e a felicidade o seguirá
como sua sombra, inabalável.
(Buda)

Gostei desses poemetos, menina Sylvia. Bjo.

Adriano Luna