domingo, 10 de agosto de 2008

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Poemas da Madrugada
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AMOR NO ÉTER
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Há dentro de mim uma paisagem
entre meio-dia e duas horas da tarde.
Aves pernaltas, os bicos
mergulhados na água,
entram e não neste lugar de memória,
uma lagoa rasa com caniço na margem.
Habito nele, quando os desejos do corpo,
a metafísica, exclamam:
como és bonito!
Quero escrever-te até encontrar
onde segregas tanto sentimento.
Pensas em mim, teu meio-riso secreto
atravessa mar e montanha,
me sobressalta em arrepios,
o amor sobre o natural.
O corpo é leve como a alma,
os minerais voam como borboletas.
Tudo deste lugar
entre meio-dia e duas horas da tarde.
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(Adélia Prado)
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Barra de Sucatinga - Ceará ( By Alex Alves)
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BOA NOITE MEU AMOR...
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Boa noite, meu amor!
O mar acalma na brisa
essa é a hora de voltar...
A brisa acalmar o vento
os sonhos o pensamento
que não cessam de gritar
nessa noite numerosa
entre as ondas sinuosas
dos caminhos do luar...
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Boa noite, meu amor!
Sem os muros dos rochedos
sem nenhum setembro negro
sem mistérios nem segredos
sem os medos de voltar...
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Boa noite, meu amor!
É destino o amanhecer
para a noite descansar...
Bom sonhar enquanto é tempo
bom de morrer ao relento
bom de renascer no mar...
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(Afonso Estebanez)
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( By Campanella).
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CABALLITOS DE MAR
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O teu silêncio é ave noturna
- Pupila que de remotas torres vigia.
Do filhote, já os trêmulos augúrios;
Do consorte, a fome de rapina.
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Tem algo abissal, o teu silêncio
- Pérola onde toda luz ensaia.
Dos cavalos do mar, o galope náutico
E as líquidas crinas;
Das dorsais oceânicas, a geometria do assombro,
O sólido, frontal encanto.
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Ato litúrgico, iluminuras, litanias
- o teu silêncio é ainda espargido incenso
( cinza imemorial e odora)
nave dos silêncios góticos que ergui.
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(Melhor te amariam os olhos
que distraídos de mim te vissem.)
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(Fernando Campanella)
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Alvorada na praia do Barro Preto - Ceará ( By Alex Alves)
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MEU HINO NACIONAL DE AMOR
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Nas alvas pétalas de rosas que me envias
reescrevo os versos amorosos que te dei.
Teu coração relembra enquanto tu recrias
os afetos dos versos que ainda escreverei.
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Apraz a alma que a alvorada de teus dias
renasça da esperança com que te sonhei:
com o encantar-te o coração das alegrias
de uma rainha que se encanta de seu rei.
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Aprendi a escrever no topo da esperança
hasteando versos na colina da lembrança
do jardineiro que não sabe de outra flor...
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E assim das pétalas da minha rosa única
os versos ao amor me servirão de túnica
e tu! Serás meu hino nacional de amor!...
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(Afonso Estebanez)
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(By Campanella)
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A MEDIA LUZ
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Sempre reneguei o tango
e os entusiastas de Gardel,
(longe de mim a passional postura
eivada de desolação e dor),
o amor sempre em mim um campo
de mais alvos lírios onde não choveu.
Afastei o bruxo, cerrei as tendas,
mas na contrapartida
adiei o fruto, me ceguei à cor.
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Violinos eternos , bandoneóns ,
toquem-me hoje um tango crepuscular
e tardio, toquem, que desaprendi
o me bastar e o meu cismar sozinho,
à meia-luz meu coração
são girassóis que dançam
-todo chama, e torvelinho.
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(Fernando Campanella)
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"O vírus do amor ao livro é incurável, e eu procuro inocular esse vírus no maior número possível de pessoas."

(José Mindlin - Bibliófilo e escritor brasileiro)

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"Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia. E, no entanto, o leitor se desgasta, se esvai, em milhares de livros mais áridos do que três desertos."

(Nelson Rodrigues)

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Um comentário:

Anônimo disse...

Desde Buenos Aires te invito a visitar el blog http://elperroelocuente.blogspot.com/
Espero sea de tu agrado.
Saludos.
Jorge