quarta-feira, 30 de julho de 2008


Rosa dos Ventos
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É, em mim, essa poesia: numa mão traz as flores
A outra fechada, pelo punho brota desertos, iras
Por entre abismos, labirintos circulares e rumores
Sobre jardins subterrâneos aflorados em urtigas...
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Mas, aquela lua escorre descompensada, louca
Navegando pelos céus minguados nos inversos
Do teu amor, recolhendo, o silêncio da tua boca
E assim a noite filtra a insignificância dos versos...
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Quando o sol assentado nas copas do teu olhar
E o teu coração em chamas ornar-me do amor
Voltarei à tarde no pôr-do-sol do teu azul mar
Montado num dragão lasso chamado saudade...
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O que foi ouro passou a ser penumbra, não brilha!
Cada alma pelos dedos do perdão será o que quiser,
Divina! Oh, nos avessos destes versos perdi a trilha
Por onde segue trôpego, o meu pobre coração, a pé...
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Deságüe Zen...
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Lembrar-te-ei da paixão no aroma de jasmins esmigalhados.
A dor da partida faz sentir o gosto de maresia e água salgada
E, sempre, à noite pára o tempo nas estrelas dependuradas,
Não falam à alma e não forjam o pranto do amor desaguado...
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Então, precipito-me em deixar-me aqui nesse sol escaldado,
Deixo-me vestido da tua ausência, onde, uma lua orvalhada
Que se esvai segue também sem mim por rotas desvairadas.
Não era para tu partir assim pedaço de desejos esfacelados...
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Se te pareço melancólico e imperfeito, olha-me de novo
Ando mesmo zen... Suscito luas agônicas e as dissolvo.
Não se chora o fim do que não houve, alma embaraçada.
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Olha-me de novo. Com menos soberba. E mais atenta
As horas que descem te aprofundam na auréola densa
Encobrindo os teus olhos tão bonitos mesmo fatigados.
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“O beijo que você deu é seu, é seu, é seu beijo...”
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Amor (Réquiem)
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.Em qualquer noite, qualquer dia,
Apago o teu coração, o teu olhar.
Mato o desejo e no riso da agonia
Deixo gota a gota o amor sangrar...
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Na pré-coma... na coma profunda
Corto o oxigênio e no estado terminal
Uma flor na lapela da dor que se afunda
E no descanse em paz farei o teu funeral!
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Cremarei tudo: o amor, a paixão e a dor.
E sob a noite fria, sem lua, um pandeiro
Alforriado rufará sobre o mar desolador
Onde jogarei as cinzas à luz de candeeiro!
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Te farei orações daquele meu antigo sonhar
E olhando o horizonte como desejo derradeiro
Será na missa de sétimo dia sob a lua de *Jauá
Que chorarei às estrelas por esse amor arteiro!
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De luto mostrarei ao luar os sonhos que em ti sustentei
Transformarei em silêncio o presente das lembranças
E cortarei em mil pedacinhos o tempo em que te amei.
Oh, Deus! A porta entreaberta ainda range de esperança.
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No entanto, o réquiem dessa paixão cortada ao meio
São versos fúnebres... busco em ti o desejo que se lança
Em mim falta a metade inacabada do teu coração alheio
Por não saber se esse meu querer o teu amor alcança!
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Nelson Haroldo Correia dos Anjos nasceu em Salvador, a 01/05/1951. Teve uma infância pobre nos alagados. Engenheiro Elétrico, trabalhou na Petrobrás por mais de 25 anos. No momento está aposentado e continua a dedicar o seu tempo à poesia. Poeta de grande sensibilidade, retrata o amor em suas diversas formas. Seus poemas eróticos, cheios de paixão, são o seu forte. Vale a pena conferir sua página na net:


Um comentário:

O Sibarita disse...

Dona moça Sylvia, OBRIGADO, por tão honraria no seu blog, não sei se sou merecedor já que não me acho e nem sou poeta ou escritor. Claro, me sinto lisonjeado e mais uma vez OBRIGADO.

A bem da verdade gosto apenas e muito de escrever, mas, sem nenhum compromisso de lançar livros nem nada, não tenho essa fobia...

Agradeço também por colocar o meu humilde curriculo, porém, não havia essa necessidade, só as poesias já me são um excelente reconhecimento. Na realidade sou uma pessoa simples e bem sabes disso.

Eita mulher retada meu Deus! kkk

bjs
O Sibarita