Armindo Trevisan
( 1933 - Santa Maria-RS )
ELOGIO DA NUDEZ
Quando
me vejo nu,
carne e tamanho apenas,
sofrendo a garra de algo
que me não orna, nem me afaga
Sinto por dentro um silencio
Que me deixa inda mais nu!
Quando me vejo nu
ao sol que me rói, parado
ao sal que me entra na vida,
ao ar que me desnuda a alma
Fico no mundo sem par,
Desejando me enterrar
Ah que desnudez faminta!
no banheiro, sobre o leito,
em qualquer parte do mundo,
onde se deixe o vestido
É o próprio medo do homem,
que aparece sobre a pele
Mas é tão bom , delicioso
O jôrro de água, o unguento
O perfume, a relva, a seda
De outra carne inda mais nua
Que o terror é esquecido
Por um instante florido!
Só um homem todo nu
Pode acreditar em algo,
Num pássaro azul, em deus
Numa coisa irreversível....
EMBORA TUA CARNE
EMBORA TUA CARNE
Embora tua carne seja a mesma:
quem põe no teu braseiro outro carvão,
e irrita a flama que se torna azul
para variar de língua e de bailado?
Quem faz girar o teu robolo, e afia
a lâmina que não te deixa fria?
A QUEM TE ALÇA
A quem te alça às nuvens, desvalida,
doas teu corpo. E apóias tua mão
numa outra mão, ciente de que o coito
é uma aventura de soldado afoito.
Pois essa subitânea valentia
te reconduz aos pés da noite fria,
onde tua mão é garra de animal:
e vence, de ambos, quem não desconfia.
REFÚGIO
Às praias dão garrafas com mensagens,
ou tábuas em que flutuaram náufragos.
Às praias dão navios com equipagens,
pingüins, baleias que se desnortearam.
Não é diverso o porto de teus lábios:
ali também vão dar tristes suspiros,
Gemidos, alaridos, menoscabos,
e a alegria de giros e regiros
em que te perdes quando amas de fato,
e o teu corpo se rende a um ultimato.
PRIMAVERA
Por que será que penso nos teus lábios
quando avisto, em quintais, limões maduros?
Serão eles, dobrados sobre os muros,
Livreiros que esquadrinham alfarrábios?
Ou hão de perecer polidos cabos
Rumorejando sobre os ares puros?
Eu sempre penso nos limões: dourados,
Guardam-se incorruptíveis, e fechados.
Guardam-se incorruptíveis, e fechados.
Extraídos de A DANÇA DO FOGO. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2001
Armindo Trevisan
Armindo Trevisan nasceu em Santa Maria, RS, em 1933. Doutorou-se em Filosofia pela Universidade de Fribourg, Suíça, com a tese Ensaio sobre o problema da criação em Bergson (1963). Nesse mesmo ano, fez curso de aperfeiçoamento em Paris. De 1969 a 1970, e de setembro de 1974 a fevereiro de 1975, foi bolsista da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Atuou como Professor Adjunto de História da Arte e Estética na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, de 1973 a 1986. Lecionou, também, no curso de pós-graduação em Artes Visuais da UFRGS até 2000. Poeta, crítico de arte e ensaísta, tem obras traduzidas em várias línguas, especialmente alemão, italiano, espanhol e inglês. Foi escolhido como patrono da 47" Feira do Livro de Porto Alegre.
Alguns prêmios: Prêmio Nacional de Poesia Gonçalves Dias, da União Brasileira de Escritores, em 1964, pelo livro inédito A surpresa de ser; Prêmio Nacional de Brasília, para poesia iné¬dita, pelo original O abajur de Píndaro, em 1972; Prêmio APLUB de Literatura pelo livro A dança do fogo, em 1997.
Poesia: A surpresa de ser (1967), A imploração do nada (1971), Funilaria no ar (1973), Corpo a corpo (1973), O abajur de Píndaro / A fabricação do real (1975), Em pele e osso (1977), O ferreiro harmonioso (1978), O rumor do sangue, 1979, A mesa do si¬lêncio (1982), O moinho de Deus (1985), Antolo¬gia poética (1986), A dança do fogo (1995), Os olhos da noite (1997), O canto das criaturas (1998), Orações para o novo milênio (1999).
8 comentários:
O nú é uma realidade humana sem nada de mais.
As pessoas nascem nuas.
Em vida vão-se vestindo de valores que as ornam,mas por dentro continuam como nasceram - nuas
A grande riqueza das pessoas é serem transparentes na sua nudez.
LINDO BLOG!!
PENSE LÁ NA FRENTE,
UM FUTURO NÃO DISTANTE.
SE AINDA HAVERÁ
ANIMAIS COMO O ELEFANTE...
PARE E PENSE EM UMA PLANTA
OU NUM BICHO BEM BONITO,
QUE AINDA HOJE EXISTE
E AMANHÃ PODE ESTAR EXTINTO...
PENSE LÁ NA FRENTE,
NUM FUTURO MUITO PERTO
NÃO TER VERDE, FLORES, FRUTOS
E VIVER EM UM DESERTO.
MAS NEM TUDO ESTÁ PERDIDO,
ISSO EU SEI TENHO CERTEZA,
SE CUIDARMOS COM CARINHO
DESTA NOSSA NATUREZA.
E POR ISSO É MUITO IMPORTANTE
RENOVAR O SENTIMENTO
DE CUIDAR DOS ANIMAIS
E DO REFLORESTAMENTO.
GUIDA ROSA
http://petalasroubadas.blogspot.com/
LINDO BLOG!!
PENSE LÁ NA FRENTE,
UM FUTURO NÃO DISTANTE.
SE AINDA HAVERÁ
ANIMAIS COMO O ELEFANTE...
PARE E PENSE EM UMA PLANTA
OU NUM BICHO BEM BONITO,
QUE AINDA HOJE EXISTE
E AMANHÃ PODE ESTAR EXTINTO...
PENSE LÁ NA FRENTE,
NUM FUTURO MUITO PERTO
NÃO TER VERDE, FLORES, FRUTOS
E VIVER EM UM DESERTO.
MAS NEM TUDO ESTÁ PERDIDO,
ISSO EU SEI TENHO CERTEZA,
SE CUIDARMOS COM CARINHO
DESTA NOSSA NATUREZA.
E POR ISSO É MUITO IMPORTANTE
RENOVAR O SENTIMENTO
DE CUIDAR DOS ANIMAIS
E DO REFLORESTAMENTO.
GUIDA ROSA
http://petalasroubadas.blogspot.com/
Hola, hay una nueva entrada en el blog del Perro. Podés hacer click aquí http://elperroelocuente.blogspot.com/
Saludos.
Jorge Aloy
Maravilhoso!!! Convido-os a , após, visita às belas páginas do Cenário dos Sentimentos, a comparecerem ao livro de visitas para deixar um carinho para a Marise.
Cida Valadares
www.mariseribeiro.com/quarto_aniversario.htm
www.mariseribeiro.com/meus_poemas_indefinido.htm
www.mariseribeiro.com/meus_poemas_outono.htm
Sempre soube que muitos animais estavam em extinção.
Mas o seu texto aumentou muito meu conhecimento neste assunto, Sylvia.
Muito bem lançado o seu entender.
Parabéns!
Beijos
Jorge Sader Filho
http://aduraregradojogo24x7.blogspot.com/
Olá Sylvia Narriman,
cronicas-de-rodrigo-da-silva, deixou um comentário ao comentário FUTEBOL NUMA CRÓNICA CRÍTICA às 20:01, 2010-05-29.
Caso pretenda responder a este comentário, poderá fazê-lo, usando este link.
Comentário:
Veja se consegue ler agora. e diga-me alguma coisa beijinhos minha querida amiga e volte sempre Rodrigo da Silva
Agradeço que visite o blogue de crónicas, acerca do tempo e espaço actuais,
de um amigo meu e comente-o lá no sítio próprio:
---> [
http://cronicas-de-rodrigo-da-silva.blogs.sapo.pt/ ]
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