terça-feira, 8 de setembro de 2009

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Midsummer night's dream
Lauri Blank
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Marinha

Teu corpo é mar
com frêmitos frescos de ondas
e fosforescência de espumas.

Teu corpo é profundidade equórea,
filtrando sol,
mas cheia de sombras vivas
de sargaços, anêmonas, corais.

Quando ele me envolve, é totalmente,
mortalmente.
Anula-me no que sou.
Reduz-me a uma alga inerte
que não sabe do seu destino
no seio do imenso balouço imemorial.

E quando retorno do mergulho trágico,
teu corpo escorre de mim, como uma túnica líquida.
Só então, volto a ser de novo,
respiro o grande ar da vida.

Teu corpo é abismo equóreo,
teu corpo é mar...

Tasso da Silveira
Poema integrante da série Alegria do Mundo.
In: SILVEIRA, Tasso da. O canto absoluto; seguido de Alegria do mundo: poemas. Rio de Janeiro: Cadernos da Hora Presente, 1940. p.133
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Tasso Azevedo da Silveira (Curitiba, 1895 — Rio de Janeiro, 1968) foi um escritor brasileiro.

Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Foi um dos representantes da ala espiritualista do modernismo, ao lado de Cecília Meireles e Tristão de Ataíde. Pertenceu ao grupo da Revista Festa, da qual foi um dos fundadores. Estreou como poeta com Fio d'Água, em 1918, tendo adotado o verso livre a partir do terceiro livro, Alegorias do Homem Novo, em 1926.

Era filho do poeta simbolista Silveira Neto. Colaborou em diversas revistas literárias do Rio de Janeiro e de São Paulo. Lecionou literatura portuguesa na Universidade Católica e na Faculdade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro.

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