sábado, 11 de abril de 2009

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Ah destino!
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enquanto te debulhas em marcar
o meu próximo passo,
um pássaro me oferta suas asas
e o sol arrefece seus raios
para me ver alçar vôo.
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E quando penso que enfim driblei
a tua fúria, tu, agasalhado na
imponderável sina, não respeitas
o meu desejo de rasgar as distâncias.
Ris da minha pretensão de querer
arrebentar as amarras
e astuciosamente planejas a minha queda.
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E tão bruscamente me fazes enxergar
que era de crepom o pássaro e inconsistentes
as asas, que esqueço de te condenar
e me censuro por sonhar tão alto.
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Aíla Sampaio
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Viagem
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Vida: vagão de um trem
a qualquer hora
a soltar-se pelos trilhos.
Se fendem as trancas
na ferrugem das peças,
nenhuma alavanca detém a carga.
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Sigo. Passageira sem estação de rota.
Quando vou, estou indo de volta
como se por mim tudo fosse outra vez
sem ter sido nunca a primeira.
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Meu corpo é minha bagagem
arma atenta à cicatriz
que não fecha
e a que se cava
em tua ausência
materializada na cadeira vazia.
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Ao meu lado, o passado:
sentença do efêmero,
algema sem trancas.
Sigo como um vagão
desgarrado do comboio,
querendo ainda obedecer
ao freio das alavancas.
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Aíla Sampaio

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